Está avaliando a possibilidade de se inserir no comércio internacional? Mesmo quem já tem experiência em gerir custos de armazenagem atuando no mercado doméstico precisa se atentar quando se trata de operações de comércio exterior.

Entenda a seguir o que é armazenagem, quais são os principais custos envolvidos, e quais são os desafios a serem encarados no comércio exterior. Veja como tornar as operações menos onerosas e mais viáveis reduzindo custos de armazenagem dos produtos, inclusive a armazenagem em terminais alfandegados.

 

O que é armazenagem?

O conceito de armazenagem é constantemente confundido com o de estocagem. Este último, entretanto, diz respeito não ao local, mas aos produtos que são guardados no espaço de armazenagem.

A armazenagem é uma das etapas do processo logístico. Não nos referimos à armazenagem em terminais alfandegados, sobre a qual falaremos mais adiante, e sim à estrutura física em que se guarda produtos por um determinado período de tempo, antes de disponibilizá-los para venda. É o que garante a segurança, proteção e conservação dos produtos até que sejam comercializados.

 

Quais as etapas do processo de armazenagem?

Estes são os passos dos processos internos de armazenagem:

  • Agendamento de recebimento: Determinação de horário, local e levantamento de recursos necessários para uma operação de armazenagem a ser executada.
  • Recebimento: Conferência dos itens a serem armazenados, com devidos registros em caso de inconsistência.
  • Endereçamento: Etiquetação das mercadorias de acordo com o endereço em que serão alocadas dentro do armazém.
  • Armazenamento: Com base na etapa anterior, é feita a determinação dos equipamentos necessários à movimentação de itens no armazém.
  • Separação: Emissão de ordens de separação, as quais apontam onde está a mercadoria, os equipamentos necessários para sua movimentação e o endereço no armazém de onde o produto pode ser retirado.
  • Conferência: Identificação do produto via código de barras.
  • Expedição: Realização de uma nova conferência e, em seguida, encaminhamento dos itens para o local de embarque rumo a seu destino final.
  • Entrega: Confirmação por meio do sistema de gestão de armazenagem de que o item foi entregue no destino.

 

O que são custos de armazenagem?

Os custos de armazenagem consistem em todos os gastos necessários para manter o espaço físico no qual as mercadorias ficam armazenadas, dentro do período de tempo determinado para cada operação. O espaço precisa estar devidamente preparado e ser gerido de maneira que os produtos cheguem ao consumidor final corretamente.

Esses processos impactam diretamente no preço final praticado. Afinal, quanto maior o custo de armazenagem, mais custos são agregados ao produto. Assim, para encontrar o melhor custo vs. benefício entre os custos e os serviços de armazenagem, é preciso conhecer tanto os custos fixos quanto os variáveis mais a fundo.

No comércio exterior, também é preciso compreender os custos de armazenagem em terminais alfandegados, que são áreas destinadas ao recebimento de cargas de importação e exportação, e existem para que não haja necessidade de importadores e exportadores investirem numa estrutura própria de armazenagem nos portos e aeroportos. Vamos falar mais sobre isso adiante.

 

Quais são os principais custos de armazenagem?

  • Custos Fixos
  • Estrutura

Os custos com estrutura são alguns dos principais custos de armazenagem. Podemos destacar, primeiro, aqueles que recaem diretamente sobre o espaço físico onde o processo de armazenagem é feito. Por exemplo:

  • aluguel do espaço;
  • IPTU e outros impostos;
  • seguro;
  • água;
  • energia;
  • internet.

 

Mão de obra

Na armazenagem interna, a mão de embora gera diversos custos de armazenagem necessários para a correta gestão e operacionalização desse processo. Os custos com funcionários variam de acordo com o respectivo regime de trabalho e incluem o salário e os benefícios oferecidos.

 

Patrimônio

Consiste nos custos de armazenagem referentes à armazenagem interna. Trata-se da manutenção e renovação da estrutura que permite a operacionalização da operação:

  • Máquinas e equipamentos de manejo;
  • Máquinas de armazenagem, como refrigeradores;
  • Computadores;
  • Pallets;
  • Mobiliário, como estantes, mesas e prateleiras, por exemplo.
  • Tecnologia
  • São os custos de armazenagem referentes a softwares de gerenciamento das etapas que compõem a armazenagem, assim como quaisquer outras tecnologias específicas que possam ser necessárias.

 

Custos Variáveis

Produtos: Os produtos podem ter custo variado de acordo com a quantidade, que também é variável. No comércio exterior, essa variação pode ser grande a depender do negócio em questão. Alguns players fazem compras em grandes escalas, no atacado, para reduzir o custo por produto.

Além disso, certos produtos demandam alocamento específico. O nível de complexidade de armazenagem impacta diretamente nos custos. É o caso, por exemplo, de produtos perecíveis, principalmente os que precisam ser refrigerados.

Embalagem: A complexidade de armazenagem dos produtos pode gerar custos de armazenagem adicionais no que diz respeito às embalagens. No caso de produtos perecíveis, por exemplo, podem existir regras que ditem especificações para as embalagens a ser utilizadas.

No contexto da pandemia de Novo Coronavírus, os players do comércio internacional precisaram encarar, inclusive, modificações nessas regras com os novos protocolos de vigilância sanitária. É o que diz matéria do Private Bank sobre os gargalos da cadeia de suprimentos.

Espaço: A contratação de armazéns terceirizados torna necessário customizar o período de tempo e o tamanho do espaço necessários para armazenagem de cada tipo de produto. Aspectos como tamanho e quantidade de produtos ditam qual tamanho de espaço, em m², será necessário.

O tempo de uso desse espaço também pode variar bastante quando se pensa em operações de comércio exterior.

Transporte: Os custos de armazenagem também incluem o transporte de mercadorias. Com a necessidade de movimentação de carga, é necessário arcar com combustível, pedágios, manutenção, motoristas, assim como contar com um seguro internacional de cargas.

Um dos principais impactos do coronavírus no Comércio Exterior, em março de 2020, foi na cadeia logística global, tornando os custos de transporte e armazenagem extremamente altos. Com as cargas precisando ser movimentadas, transportadas e entregues com atraso, os fretes registraram números altíssimos.

Apesar de ter conquistado certa estabilidade, a cadeia logística global voltou a sofrer com atrasos devido a novos lockdowns na China no segundo trimestre de 2022. “No auge do lockdown em Xangai, os contêineres ficaram parados por até 15 dias no porto antes de serem recolhidos pelos caminhoneiros, contra menos de 5 dias quando as restrições entraram em vigor”.

Também é possível citar como exemplo os impactos da Guerra na cadeia de suprimentos, após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A redução de abastecimento de petróleo a nível global provocou alta nos preços de combustível e frete. “Em um país onde a malha rodoviária transporta cerca de 60% dos produtos, toda essa enxurrada de aumentos vira uma bola de neve”.

Prejuízos: Por mais bem planejada que seja uma operação, ela sempre será passível de gerar prejuízos. No caso dos custos de armazenagem, esses prejuízos poderiam ser, por exemplo, danos sofridos pelos produtos durante a armazenagem, inclusive no transporte dessas mercadorias, assim como extravios, vencimento de prazos de validade, obsolescência, dentre outros.

Mais uma vez, a crise de saúde global que ocorreu em 2020 serve de exemplo sobre como os custos variáveis de armazenagem no comércio exterior podem ser complexos. Durante a pandemia, enquanto produtores conseguiram restabelecer o ritmo manufatureiro, as restrições de mobilidade impediram que o tempo de entrega se mantivesse satisfatório. Com produtos parados em estoque, o resultado foi um cenário de prejuízos para os importadores e de desabastecimento de maneira tardia para os locais de destino, ao fim do ano de 2020.

e centro de distribuição em dionisio cerqueira quais sao os custos envolvidos

Armazenagem em Terminais Alfandegados

As mercadorias que chegam aos portos e aeroportos brasileiros estão sujeitas ao controle aduaneiro. O processo de conferência é exercido pela Secretaria da Receita Federal e, muitas vezes, a operação torna-se mais longa que o previsto.

A retenção de produtos nas alfândegas, exercida em prol da segurança pública, sanitária e também por interesses arrecadatórios, impacta diretamente nos custos de armazenagem, muitas vezes de forma imprevisível, já que o desembaraço aduaneiro pode levar semanas ou até meses.

Nestes casos, o operador portuário cobra a armazenagem pelo tempo em que a mercadoria ficou retida (ou apreendida) para controle aduaneiro, nos terminais alfandegados. Por ter o direito de retenção, o operador impede a retirada da carga sem o devido pagamento. Algumas vezes, são valores tão expressivos que impactam absurdamente nos negócios, superando os custos da própria mercadoria que estava retida.

Há controvérsias quanto à legalidade de cobrança desses valores. De acordo com artigo da Abracomex sobre armazenagem durante a importação, o operador portuário deve responder perante a RFB pelas mercadorias retidas ou apreendidas para controle aduaneiro; as instalações necessárias ao exercício desse controle aduaneiro deveriam ser disponibilizadas sem ônus para a RFB. Ainda assim, os operadores portuários cobram os valores de armazenagem nos terminais alfandegados dos proprietários das cargas. Por isso, esses custos devem ser considerados por qualquer empresa que deseja atuar no comércio exterior.

Outros fatores que impactam o custo de armazenagem alfandegada são:

  • Região do país que está sendo realizada a operação;
  • Tipo de mercadoria;
  • Operador logístico;
  • Acordo comercial com os terminais.

 

Como reduzir os custos de armazenagem?

Otimize a armazenagem dos produtos: Existem estratégias de otimização que impactam diretamente os custos de armazenagem. Uma delas é garantir a rotatividade do estoque, cuidando para que, por exemplo, os produtos com menor prazo de validade ou obsolescência sejam os primeiros a sair. Dessa forma, toda “leva” que for disponibilizada estará sempre adequada ao consumo.

O próprio endereçamento citado nas etapas da armazenagem é também um fator que contribui para sua otimização. Se a identificação de corredores, módulos e níveis de armazenagem não for bem feita, o processo fica prejudicado. Portanto, vale a pena assegurar que o endereçamento seja altamente eficaz.

 

Observe as margens de estoque

Quando não se observa corretamente as margens de estoque, pode ocorrer de parte das mercadorias se acumularem e acabarem gerando prejuízos nos custos de armazenagem. Há estratégias que visam prevenir esse problema.

Por exemplo, promover a priorização de maior estoque de produtos com maior volume de saída. O mesmo serve para as sazonalidades. Nas épocas de maior ou menor venda, o ideal é adequar os estoque ao contexto de mercado.

 

Reduza o tempo de espera do estoque

Caso não seja possível dar vazão a alguns itens em estoque e eles comecem a apresentar risco de prejuízo aos custos de armazenagem, é necessário buscar formas de estimular a saída desses produtos. Cabe então contar com o setor comercial para realizar estratégias de alavancagem das vendas.

 

Conte com um parceiro com certificação OEA

O Programa de Operador Econômico Autorizado (OEA) é uma ferramenta de facilitação de comércio prevista na Estrutura Normativa para Segurança e Facilitação do Comércio Global (SAFE) da Organização Mundial de Aduanas (OMA). É também um dos compromissos do Acordo de Facilitação do Comércio (AFC) da Organização Mundial do Comércio (OMC), concluído na Conferência Ministerial de Bali, em 2013.

Consiste na certificação reconhecida internacionalmente e concedida pelas Aduanas aos operadores da cadeia logística internacional que demonstram capacidade de gerir os riscos aos quais estão expostos nos processos de comércio exterior e internacional. A certificação de Operador Econômico Autorizado estabelece um vínculo entre as aduanas, o setor privado e órgãos de Estado.

Para atividades certificáveis, ter o selo OEA é um indicativo de confiabilidade. Além disso, empresas com certificação OEA garantem aprimoramentos nas operações e redução do tempo nas operações de desembaraço aduaneiro.

 

Profissionalize a logística

Para que a cadeia de suprimentos avance da maneira mais fluida e eficaz possível, o principal é, sem dúvidas, ter a segurança de uma boa gestão logística. Entretanto, sabe-se que a imprevisibilidade é bem maior quando se trata de custos de armazenagem no comércio exterior.

Sendo assim, a gestão desses custos requer conhecer e contar com um planejamento especializado. Um dos profissionais essenciais para uma boa gestão logística no comércio exterior é o Freight Forwarder, que é responsável por coordenar o transporte das mercadorias tornando os embarques mais eficientes e garantindo mais segurança ao processo de armazenagem.

Outro profissional importante na gestão de logística internacional é o agente de carga. É responsável não só por garantir o melhor custo vs. benefício nas operações, como também é aquele que soluciona entraves no desembaraço das mercadorias.

O ideal é contar com soluções de logística integrada para que os processos sejam feitos da forma mais estratégica possível. No caso da logística integrada, todas as responsabilidades ficam centralizadas e há maior controle sobre a situação.

Referência: https://bityli.com/LLOJL

 

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